O tema de investigação do Macu, que está orientando os projetos de pesquisa e criação do 1° semestre de 2025, é Encantamentos pela Vida: Poéticas para o Desenvolvimento Artístico, Social e Humano. Ideia que ressoa em tantas vozes inspiradoras! 

Algumas dessas vozes inspiraram a a eleição de tal tema. Autores que, cada um a sua maneira, favorecem um olhar mais profundo e sensível sobre a vida, resgatando o encantamento em diferentes dimensões.

Ondjaki, Daniel Munduruku, Manoel de Barros e Conceição Evaristo nos oferecem perspectivas únicas e profundamente tocantes sobre essa experiência. Portanto, apresentaremos a seguir uma síntese do pensamento de cada um sobre os Encantamentos pela Vida!!

 

Ondjaki 

O escritor angolano Ondjaki traz para sua literatura um olhar fresco e muitas vezes lúdico sobre a vida, mesmo em contextos desafiadores. Seus livros frequentemente capturam a beleza nos detalhes cotidianos, a força dos laços humanos e a resiliência do espírito. O encantamento em sua obra pode surgir da celebração da infância, da redescoberta do simples e da capacidade de encontrar poesia em meio à adversidade. Sua escrita é marcada por uma musicalidade e inventividade, que nos permitem ver o mundo com novos olhos.

 

Daniel Munduruku

Como escritor e ativista indígena, Daniel Munduruku oferece uma perspectiva fundamental sobre o encantamento pela vida, a partir da cosmovisão dos povos originários. Em seus livros, especialmente os voltados para o público infantojuvenil, ele compartilha a riqueza das tradições, a profunda conexão com a natureza e a sabedoria ancestral que nutrem o encantamento. Para Munduruku, esse encantamento está intrinsecamente ligado ao respeito pela Terra, à valorização da comunidade e à compreensão do mundo enquanto um tecido vivo e interconectado. 

 

Manoel de Barros 

Conhecido como o poeta do nada, ele nos ensina a encontrar o encantamento nas coisas mais simples e desprezadas. Sua poesia desvia o olhar do óbvio e celebra o insignificante, o erro, o inacabado. Sua noção de “desaprender para aprender” evidencia uma nova forma de ver o mundo, em que a beleza reside na simplicidade e na estranheza. Assim como na capacidade de nos maravilharmos com o que geralmente passa despercebido. O encantamento em sua obra é um convite à liberdade da imaginação e à redescoberta do lirismo na vida cotidiana.

Conceição Evaristo

A escrita potente e visceral de Conceição Evaristo nos apresenta o encantamento pela vida sob a perspectiva da experiência da mulher negra no Brasil. Em suas obras, a beleza e a força emergem da resiliência, da ancestralidade e da luta por dignidade. O encantamento pode ser encontrado nos laços de solidariedade feminina, na celebração da cultura afro-brasileira, na memória como resistência e na busca por um futuro mais justo. Conceição Evaristo nos mostra que o encantamento pode florescer mesmo em contextos de opressão, como uma afirmação da humanidade e da capacidade de sonhar.

 

A Interconexão

Esses quatro autores, com suas vozes distintas, nos mostram que os Encantamentos pela Vida se manifestam de diversas formas:

  • Na leveza e na ludicidade de Ondjaki.
  • Na sabedoria ancestral e na conexão com a natureza de Daniel Munduruku.
  • Na poética do ínfimo e na reinvenção do olhar de Manoel de Barros.
  • Na força da ancestralidade e na luta por dignidade de Conceição Evaristo.

 

Juntos, eles têm movido os processos de pesquisa de professores, professoras e estudantes. E viabilizando uma percepção mais rica e multifacetada dos Encantamentos pela Vida, ao enfatizar que eles podem ser encontrados nos mais diversos espaços. Tanto na celebração do cotidiano quanto na resistência contra as injustiças, na conexão com a natureza e na força da nossa própria história e cultura.

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