Antes de mais nada, de 27 a 31 de agosto, desvendaremos os mistérios dos Rituais Sagrados dos povos Kariri-Xocó durante a Semana de Planejamento Macu. Uma jornada que nos aproximou do tema central do 2º semestre de 2023: “O Rito e o Sagrado na Poética da Criação e das Relações”.

Nesse sentido, nossa equipe teve a oportunidade única de imergir nos aspectos ritualísticos e sagrados de culturas fascinantes, enriquecendo nossa perspectiva para o novo ciclo de aprendizado.

O povo Kariri-Xocó: Uma fusão de Identidade e Resistência

A designação Kariri-Xocó é resultado da junção do povo Kariri, de Porto Real de Colégio, Alagoas, com parte da etnia Xocó, da ilha fluvial sergipana de São Pedro. Um exemplo de resiliência, os Xocós buscaram refúgio junto aos Kariri após terem suas terras invadidas durante o Brasil Império.

Atualmente, os Kariris-Xocós vivem na região do baixo São Francisco, vivenciando um estilo de vida próximo às populações rurais de baixa renda, que dependem das atividades agropecuárias locais.

Porém, infelizmente, a língua dos Kariris-Xocós não foi preservada, e só alguns termos ainda são por eles utilizados. A população atual varia entre 1700 e 2500 indivíduos, que se orgulham de sua identidade como Kariris-Xocós.

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Desvendando os Rituais Sagrados: Ouricuri e Toré

O rito sagrado do Ouricuri

Os Kariris-Xocós preservam sua essência e identidade através do ritual Ouricuri. Em outras palavras, autodenominar-se indígena em Porto Real do Colégio, significa dominar os segredos desse ritual sagrado, iniciado ainda na primeira infância.

O Ouricuri é composto por um conjunto de cantos e danças associado à ingestão da jurema. Para a produção do que é conhecido como “vinho da jurema”, as cascas e raízes dessa árvore são maceradas e infundidas.

Essa bebida tem papel fundamental no ritual sagrado do Ouricuri, posto seu ápice ser o transe provocado pelo uso da jurema. Nesse estado, alterado de consciência, os participantes acreditam romper as barreiras entre passado, presente e futuro, entrando em comunhão com seus ancestrais e suas divindades. 

O Toré: Dança que une

Por outro lado, outro ritual preservado pelos Kariris-Xocós é o Toré, uma dança dividida em duas modalidades. Há o Toré “de búzios”, que evoca o segredo do Ouricuri, e o Toré “de roupa”, que pode ser dançado em qualquer festa.

Dessa forma, no decorrer da Semana de Planejamento Macu, os professores e professoras tiveram a oportunidade de experienciar o Toré “de roupa”, durante um encontro com representantes Kariris-Xocós no Parque Alfredo Volpi, na zona oeste de São Paulo.

Na ocasião, os representantes Kariris-Xocós apresentaram sua cultura, realizaram o ritual de defumação e convocaram todos e todas a dançarem com eles o Toré. O encontro definiu-se pela hospitalidade, conceito citado pelos indígenas para explicar as relações humanas pautadas pela harmonia.

Celebrando a Diversidade: Renovando a Energia para o Novo Semestre

Em outras palavras, essa imersão nos rituais sagrados dos Kariris-Xocós foi um privilégio e inspiração. A equipe da escola foi convidada a se unir ao ritual sagrado do Ouricuri em outro momento, ampliando ainda mais nossa compreensão dessa cultura resiliente. 

Sendo assim, ao abraçar essa rica experiência, esperamos que a energia contagiante desses rituais sagrados permeie o novo semestre letivo, guiando-nos na busca por conexões profundas entre poesia, criação e sagrado.

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