Em primeiro lugar, o último Café Teatral do ano contou com a presença de Priscila Jácomo para fechar os encontros de 2023. Próximo de completar quinze anos de existência, os encontros extracurriculares que definem esse evento tem por objetivo complementar a formação de alunos e alunas do Macu.

Sobretudo, idealizado e coordenado pela professora mestra Marcia Azevedo, o Café Teatral já recebeu teatrólogos internacionais e artistas de significativa relevância no cenário brasileiro. Sempre abordando assuntos relacionados à pesquisa de Stanislávski e seu Sistema e ao tema de investigação semestral da escola.

Aline Jácomo é a “Palhaça Cacica”

Antes de tudo, a participação de Priscila Jácomo foi motivada pela conexão entre seu trabalho e o atual tema em investigação no Macu: O Rito e o Sagrado na Poética da Criação e das Relações. Pois, além de atriz e dramaturga, Priscila é a “Palhaça Cacica”. E participa do projeto Povo Parrir, que promove o encontro de palhaças e palhaços da cidade com os “fazedores de riso” dos povos indígenas.

Ainda assim, acrescenta-se ainda que Priscila é mestranda em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades pela FFLCH-USP e pesquisa o sentido das trapalhadas para a humanidade. E recentemente dirigiu, junto com Melquior Brito, os documentários “A Alegria da Terra” (2022) e “O Riso da Mata” (2020), ambos disponíveis no YouTube.

Palhaça Cacica: O Povo Parrir

Nesse sentido, fato curioso é que os povos originários sempre tiveram seus “fazedores de riso”, pessoas com a função de brincar, surpreender ou subverter as regras. Por isso, Priscila Jácomo idealizou o projeto “Povo Parrir”, expressão indígena que se refere a quem é engraçado.

Além disso, o Povo Parrir se configura como um grupo e já se encontrou com indígenas Kariri Xocó, Krahô, Guarani Mbya e Wassu Cocal. Todavia, esses encontros se transformam em “brincadeiras-rituais”, apresentadas em diversos centros culturais e unidades do Sesc, como Cabaré do Povo Parrir, Ritual Parrir e Parresistir.

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Temas do Café Teatral  

No encontro do Café Teatral, Priscila Jácomo contou que, nas comunidades indígenas, as crianças são incentivadas a experimentar o riso desde bem pequenas. Dessa forma, com o passar do tempo, algumas seguem seus caminhos, enquanto outras se tornam parrir e continuam a explorar o ridículo.

Acima de tudo, Priscila Jácomo também relatou que, quando decidiu ser palhaça, foi pesquisar o feminino. E, nesse percurso, a salamandra revelou-se como um símbolo para o seu trabalho, tendo em vista ser o único animal vertebrado capaz de se regenerar.

Por fim, da soma de todos esses fatores, nasceu sua pesquisa. Tomando a salamandra como metáfora e meio de criação, Priscila Jácomo atua junto às mulheres indígenas pela exaltação do feminino, do sagrado e do ritual. O vídeo a seguir mostra um pouco do trabalho da “Palhaça Cacica” com as “fazedoras de riso” indígenas. Não deixe de conferir!

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