Em primeiro lugar, Travessia: Outras Ideias de Humanidade é o novo tema de investigação do Macu, que tem como inspiração o pensamento de Konstantin Stanislávski sobre atuação. Mais especificamente, seu aconselhamento aos atores e atrizes sobre a ampliação de seus horizontes, a fim de compreender, incorporar e comunicar “‘a vida do espírito humano’ de todos os povos do globo”.

Imbuídos desse propósito, elegemos um tema de investigação que nos favorecesse lançar luz sobre as particularidades políticas, econômicas, sociais e ambientais de diferentes culturas.  Para isso, adotamos algumas referências para atravessarmos os caminhos dessa pesquisa. A seguir, apresentamos duas delas!

Ampliando horizontes: Reflexões sobre a humanidade em “Um rio, um pássaro” de Ailton Krenak 

Começando pelo autor, Ailton Krenak é uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, reconhecido internacionalmente. Eleito membro imortal da Academia Brasileira de Letras, é também professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e autor de vários livros. Entre eles, “Um rio, um pássaro”, lançado em 2023, pela editora Dantes.

Este livro, composto por dois textos inéditos . O primeiro, que leva o mesmo título do livro, foi escrito na década de 1990 e reflete sobre a formação do movimento indígena no Brasil. Já o segundo, que tem o nome “Cachoeira”, data do ano de publicação da obra, 2023, e discute a separação entre cultura e natureza produzida pelo homem, que resultou no atual colapso ambiental.

Valorizando a diversidade: Lições de humanidade em “Pedagogia das encruzilhadas” de Luiz Rufino

Luiz Rufino é pedagogo, doutor em Educação, e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Desenvolve suas pesquisas sobre as culturas brasileiras, algumas em parceria com o historiador Luiz Antonio Simas. Outros dois livros de sua autoria, escritos em colaboração com Simas, são “Fogo no mato: A ciência encantada das macumbas” (Mórula, 2018) e “Flecha no tempo” (Mórula, 2019).

Em “Pedagogia das encruzilhadas” (Morula, 2019), Luiz Rufino traz para primeiro plano as sabedorias ancestrais dos povos colocados à margem da história feita “oficial”. Como resultado, vistos sempre com descrédito e submetidos ao esquecimento, o tratamento dispensado a tais saberes revela antes a relação com os seus produtores, ou seja, de eliminação dos seres não brancos. Portanto, o autor defende que a manifestação do saber é inseparável da valorização da vida e, com isso, do reconhecimento da diversidade da existência.

Da teoria à prática

Dessa forma, essas são duas referências que atravessarão o nosso semestre e nos ajudarão a compreender outras ideias de humanidade, mais especificamente, indígena e preta. Porém, um grande desafio ainda se coloca: Como transformar essas referências teóricas no trabalho prático da sala de aula?

Todavia, é claro que cada professor ou professora, juntamente com seus alunos e alunas, encontrará o seu caminho. Entretanto em alguns pontos essas diferentes travessias se cruzarão. Seja na pesquisa de um novo repertório de treinamento, seja na busca de leituras e peças teatrais cujos protagonistas nos permitam olhar para outros povos, realidades e culturas.

Assim, Travessia: Outras Ideias de Humanidade pretende abrir possibilidades diversas de se narrar o mundo e nossa própria história através da poesia. E, com isso, talvez nos ajude a descobrir outro senso ético, que nos provoque a olhar para a vida com inquietude e sede de transformação!  

Reflexões transformadoras: Rumo a um mundo mais justo e solidário

Em resumo, as obras de Ailton Krenak e Luiz Rufino oferecem insights valiosos para repensar nossa relação com a humanidade, a natureza e a diversidade cultural. Ao explorar essas perspectivas, somos desafiados a adotar uma postura mais inclusiva, ética e transformadora em nossas vidas e na sociedade. Continuaremos a buscar novos caminhos de aprendizado e descoberta, inspirados pelo poder da reflexão e da arte. Acompanhe-nos em nossa jornada de explorar as diversas facetas da condição humana e promover um mundo mais justo e solidário.

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