Não é a primeira vez que falamos do tema de investigação do Macu, novo a cada semestre que se inicia. Sempre alinhado às urgências de nosso tempo, ele tem como principal intencionalidade orientar os processos artístico-pedagógicos de nossa escola.

Por um lado, ele apresenta um foco sobre o qual acreditamos ser importante refletir. Por outro, ele funciona como inspiração para a escolha do material poético a ser pesquisado. E, ao mesmo tempo, lança um ponto especial de atenção para o trabalho em sala de aula.

No decorrer dos processos, alunos e alunas juntamente aos professores e professoras buscam meios de revelar o que o tema propõe ser investigado. Nesse sentido, Stanislávski e seu Sistema são as fontes primeiras para sua escolha.

Motivações do novo tema

O novo tema de investigação do Macu – Imperativo Ético: Fundir-se num Coletivo – evidencia a necessidade de nos reconhecermos como seres sociais, pertencentes a uma coletividade. Em uma primeira instância, o que ensejou essa reflexão foi o próprio momento histórico.

O corona vírus chegou nos trazendo incertezas, e com elas, a fragilidade humana se apontou com uma lente de aumento muito potente. O medo se instaurou na atmosfera de todo o planeta, e nos isolamos não só física, mas também emocional e até espiritualmente.

Precisávamos nos defender. O simples fato de nos aproximarmos de alguém poderia ser um risco a nossa vida. Porém, o que se impôs como condição para a nossa sobrevivência também nos privou da experiência coletiva indispensável à humanidade.

Um imperativo ético

É fato que somos seres de relações e que elas nos constroem e alimentam. Precisamos de amor e compreensão, que somente encontramos através do outro, da vida coletiva que agora precisamos reaprender.

O teatro, por sua vez, se apresenta como uma vivência que, por suas intrínsecas características, pode espelhar um contexto social mais amplo. Uma de suas especificidades é justamente ser uma arte construída por meio do esforço de uma coletividade.

Por isso, Stanislávski convocava atores e atrizes a essa consciência, evidenciando a importância do empenho em se fundirem em um coletivo. Para o mestre russo, esse era um imperativo ético que distinguia o fazer teatral.

O fundir-se num coletivo

Amparados em Stanislávski, mas da perspectiva de um mundo arrebatado pela pandemia, nós hoje nos perguntamos: “Como construir uma relação coletiva com afeto e ética para o bem comum?”

A questão acima é o que chamamos de Problema Certo ou uma provocação que deve estar presente em cada escolha e atitude ao longo dos processos. Para tanto, também delineamos alguns objetivos artístico-pedagógicos. Entre eles, cultivar uma atmosfera criativa na coletividade e potencializar o coletivo para novos sentidos e percepções de mundo. Apoiados ainda em pensadores como Edgar Morin e bell hooks, o exercício de fundir-se num coletivo será o grande foco de nosso semestre.E isso com vistas a plantar sementes para um mundo mais ético na coletividade

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