Após o registro em Bella Merlin, a Semana de Planejamento do Macu iniciou com um dia dedicado à Análise Ativa. Para tanto, Bella Merlin revisitou alguns exercícios propostos no encontro anterior, a fim de que todos e todas se reconectassem consigo mesmos(as).

Enquanto uma difusora do Método de Análise Ativa de Konstantin Stanislávski, ela conduziu uma prática com base no roteiro “Move on”, de David Costell, traduzido como “Vá em frente” por Debora Ganc, intérprete dos encontros. Mas antes da proposição dos estudos de cena, Bella Merlin partilhou seu entendimento de Análise Ativa. 

Análise Ativa X Método de Ações Físicas

Bella Merlin, com formação na Rússia, destaca a diferença entre Análise Ativa e Método de Ações Físicas. Para ela, as Ações Físicas constituem tarefas simples, realizadas fisicamente, a fim de se alcançar um desejo. Desse modo, o Método das Ações Físicas visa a construção de uma linha de ações tendo em vista uma vontade, um forte querer, uma aspiração.

Enquanto, a Análise Ativa é mais complexa e pressupõe uma relação, estabelecida por meio da troca energética com o parceiro ou a parceira de cena/improviso. Ela viabiliza aos atores e atrizes se tornarem co-criadores e não bonecos nas mãos de um diretor ou diretora. E, dessa forma, permite que se alcance a expressão da profundidade que é a “bagunça” do ser humano.

A direção e as etapas da Análise Ativa

Por outro lado, Bella Merlin ainda explicou como vê o seu trabalho de diretora na Análise Ativa. Com esse objetivo, ela propôs uma analogia: se a criação do autor ou o roteiro fosse uma treliça em um jardim, os atores/atrizes seriam a planta trepadeira. Assim, seu trabalho seria o de ajudar a planta a se envolver na treliça. Mas isso de modo gentil e observando as particularidades de cada um(a) em processo.

Segundo Bella, quatro são as etapas da Análise Ativa: ler, conversar sobre a leitura, improvisar a cena ou roteiro e falar sobre o que foi improvisado. Porém, “conversar sobre a leitura” não significa realizar um “estudo de mesa”, como se habituou a nomear o esforço puramente intelectual de compreensão do texto. E sim o levantamento das circunstâncias propostas pelo autor, a partir das questões: Quem? Quando? Onde? Por quê? Como?

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A prática da Análise Ativa

De acordo com Bella Merlin, o levantamento das circunstâncias propostas pelo autor “abre” a linha do pensamento e improvisa-las “abre” a linha de ação. Juntas, linha de pensamento e de ação criam cada papel e, consequentemente, a obra como um todo.

Com base nisso, Bella Merlin conduziu algumas rodadas de improviso, citando como faria presencialmente e propondo dinâmicas específicas para o universo virtual.  Então, sem entrar nas palavras escritas pelo autor, ela trabalhou com o Método das Ações Físicas, ou seja, dando tarefas simples para os atores e atrizes apoiadas nas circunstâncias propostas.     

Imaginação

Outro ponto interessante apresentado por Bella Merlin se refere à concepção de imaginação. No qual, ela expôs um estudo sobre diferentes tipos de imaginação. Sendo eles: imaginação efetiva, construída ou intelectual, fantasiada ou imaginativa, empática, estratégica, emocional, reconstrutiva da memória e dos sonhos.

Bella Merlin destacou que tais tipos de imaginação podem ser muito úteis quando abordamos um papel. Pois, enquanto Stanislávski usa a palavra imaginação de modo amplo, esses diferentes tipos ajudam a vê-la também de forma multifacetada.

Conseguimos registrar aqui apenas alguns aprendizados acarretados pelos encontros com Bella Merlin durante a Semana de Planejamento do Macu. No entanto, a riqueza que foi essa experiência, infelizmente, não pode ser documentada! Agradecemos a disponibilização de seus conhecimentos e comemoramos mais essa troca com uma brilhante pesquisadora do Sistema de Stanislávski!

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