Completando já os seus onze anos de existência, o Café Teatral, organizado pela professora Marcia Azevedo e produzido pelo Macunaíma, resgata uma de suas antigas tradições: a de receber os professores da escola para falar sobre suas pesquisas pessoais em diálogo com o sistema de Stanislávski. Em agosto de 2019, mês de abertura dos encontros do segundo semestre, o bate-papo ficou a cargo da professora mestra Lívia Tejas, que explorou o tema “Palhaçaria: Entre Você e Eu, a Possibilidade de Rir do Que Há de Ridículo em Nós”. 

Mas o que seria a palhaçaria? A arte ou a técnica do palhaço, a que a professora Tejas se dedicou a partir da investigação sobre a menor máscara do mundo: o nariz vermelho. A ingenuidade e a inocência do palhaço, que explora as suas próprias fragilidades, nos remetem ao caráter humano de todos nós. Neste sentido, a função artística e social do palhaço não é apenas a de provocar o riso, mas também a de estabelecer relações de empatia e cumplicidade com o público, capazes de levantar reflexões sobre nosso modo de vida.

Alguns assuntos abordados por Tejas neste encontro do Café Teatral foram: presença e calma, disponibilidade, escuta e aceitação, silêncio e improvisação. Assuntos estes de extrema importância não só para os dedicados à palhaçaria, mas a todo e qualquer ator ou estudante de teatro, e que foram analisados enquanto fatores importantíssimos para a conquista do “estado de jogo”, definido pela passagem de um corpo cotidiano para um corpo cênico.       

Um exemplo inspirador sobre este “estado de jogo” foi citado de suas experiências com a Cia. Cromossomos em viagem ao Saara. Ao rever algumas fotos desta excursão do grupo, Tejas relatou que, ao se deparar com uma imagem sua conversando com algumas crianças, pode perceber nitidamente este “estado de jogo”. Conectando arte e vida, o que perpassou toda a fala de Tejas, mostra-se por meio deste exemplo que o teatro se estabelece no momento de abertura para a relação com o outro, sendo esta a essência do fazer teatral.  

Sobre Lívia Tejas

Atriz, palhaça, pesquisadora e professora de teatro. Mestra em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, estudou, se apresentou e ministrou workshops de palhaçaria e teatro físico na Europa, em vários países da América Latina e na Argélia, África. É uma das fundadoras da Cia. Cromossomos, que grupo que realiza expedições em parceria com os Palhaços Sem Fronteiras e foi formado em 2013 a partir do encontro de artistas do Brasil, Espanha, Itália e Chile que se especializaram na pedagogia de teatro físico de Jacques Lecoq na escola internacional de teatro Estudis-Berty Tovías, em Barcelona. Tejas é professora do Teatro Escola Macunaíma

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