Em primeiro lugar, o espetáculo teatral “Amazônias” foi uma das inspirações para a criação do novo tema de investigação do Macu: O sistema de Stanislávski – Raízes e Descendências. Sobretudo, abordando questões relacionadas à ancestralidade, cultura e tradição, esse enunciado foi impulsionado pela interpretação cênica de um dos mais importantes traços culturais de nosso território.

Mas, para além da temática em si, há também uma ligação afetiva do Macu com “Amazônias”. Ainda mais, quando essa se deve ao fato de uma de nossas ex-alunas, Clara Beatriz, integrar o elenco do espetáculo. 

O que, obviamente, nos faz orgulhosos enquanto escola, por podermos acompanhar o encaminhamento profissional de nossos estudantes e continuar a aprender com eles. 

 O processo de criação de “Amazônias” 

Antes de mais nada, o processo de criação de “Amazônias”  partiu da proposta do Sesc para uma montagem conduzida pela diretora-pedagoga, filiada à tradição teatral russa, Maria Thaís. Contudo, esse projeto envolveu uma extensa produção coletiva realizada durante seis meses, com 35 jovens criadores entre 16 e 20 anos.

Além disso, em sua maior parte, os jovens selecionados cresceram nas periferias de São Paulo, resultando num elenco formado majoritariamente por negros e indígenas. 

Em outras palavras, inspirados pelas realidades e culturas amazônicas, esses jovens foram incentivados a refletir sobre a experiência de seus contextos e a expressar suas próprias narrativas.

Para tanto, os participantes tiveram acesso a palestras e discussões sobre as culturas amazônicas, o que veio a se somar com um intenso treinamento físico. Dessa forma, o grupo selecionado mergulhou num profundo processo de pesquisa e preparação, contribuindo diretamente para a construção do espetáculo.

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 “Amazônias”: O espetáculo

A princípio, dramaturgia de “Amazônias”  abrangeu dança, teatro, música e palavra. Sendo que o elenco colaborou com a criação de todas as linguagens, tanto elaborando cenas quanto propondo canções e coreografias.

Esse amplo trabalho envolveu uma numerosa equipe, dividida em núcleos, como: audiovisual, de movimento, de sonoridade, entre outros. A encenação suprimiu a quarta parede, integrando atores e espectadores por meio de passarelas que avançavam do palco para a plateia.

Grande destaque teve a trilha sonora, que procurou refletir o imaginário amazônico e, ao mesmo tempo, paulistano. Interpretadas ao vivo, três canções são originais, criadas para o espetáculo, e as demais são recriações, que incluem do carimbó ao brega funk.

”Amazônias”: A partilha

Alguns atores e atrizes de “Amazônias” estiveram em uma das reuniões pedagógicas, que acontecem semanalmente, para conversar com os professores da escola. Esse encontro foi viabilizado por Clara Beatriz, aluna do Macu que se formou atriz em 2019 e hoje é uma das atuantes do espetáculo.  

Em visita à escola, eles partilharam a pesquisa do grupo, o processo de criação do espetáculo e a experiência da temporada no Sesc. E reforçaram os aspectos que inspiraram a concepção do tema de investigação do semestre no Macu: O sistema de Stanislávski – Raízes e Descendências.

Propondo um diálogo sobre as Amazônias, suas histórias, seus povos e suas culturas, estabeleceu-se assim as conexões com a nossa ancestralidade, cultura e tradição. Alguns sentidos que orientam as reflexões sobre o tema e que estão sendo privilegiados nos estudos e discussões do corpo docente do Macu.

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